ATA DA DÉCIMA
PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA
SEXTA LEGISLATURA, EM 25-02-2016.
Aos vinte e cinco dias do
mês de fevereiro do ano de dois mil e dezesseis, reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida por
Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Dinho do Grêmio,
Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz,
João Carlos Nedel, Jussara Cony, Kevin Krieger, Márcio Bins Ely, Mauro
Pinheiro, Mendes Ribeiro, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Reginaldo Pujol,
Rodrigo Maroni, Sofia Cavedon e Tarciso Flecha Negra. Constatada a existência
de quórum, o Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão,
compareceram Airto Ferronato, Delegado Cleiton, Dr. Goulart, Dr. Raul Fraga,
Dr. Thiago, Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Mônica Leal,
Prof. Alex Fraga, Séfora Gomes Mota e Waldir Canal. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciaram-se Clàudio Janta e Fernanda Melchionna. Na ocasião, foi
aprovado Requerimento verbal formulado por Clàudio Janta, solicitando alteração
na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES,
hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a tratar da
mobilização acerca do zika vírus. Compuseram a Mesa: Cassio Trogildo,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Charlene Schneiders, Coordenadora
Adjunta da Secretaria Municipal da Saúde; Sandra Fagundes, representando o
Governo Federal; e Lavínia Schüler Faccini, Presidenta da Sociedade Brasileira
de Genética Médica. Após, o Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo
180, § 4º, incisos I e II, a Charlene Schneiders, Sandra Fagundes e Lavínia
Schüler Faccini, que se pronunciaram sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÕES,
nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se Dr.
Raul Fraga, Sofia Cavedon, Jussara Cony, Paulinho Motorista e Lourdes Sprenger.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se Sofia Cavedon e Jussara Cony. A
seguir, o Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema
em debate, a Lavínia Schüler Faccini, Sandra Fagundes e Charlene Schneiders. Os
trabalhos foram suspensos das quinze horas e trinta e oito minutos às quinze
horas e quarenta e três minutos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em
2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 033/15, discutido por
Sofia Cavedon, e o Projeto de Lei do Legislativo nº 002/16. Também, Marcelo
Sgarbossa pronunciou-se durante o período de Pauta. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciaram-se Rodrigo Maroni, Lourdes Sprenger e Delegado Cleiton. Ainda, foi apregoado Requerimento de autoria de Sofia
Cavedon, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença
para Tratamento de Saúde para Alberto Kopittke no dia vinte e cinco de
fevereiro do corrente. Sofia Cavedon, nos termos do art. 218, § 6º do
Regimento, solicita Licença para
Tratamento de Saúde para Alberto Kopittke no
dia 25 de fevereiro de 2016. Durante a Sessão, manifestaram-se acerca de
assuntos diversos Kevin Krieger, Prof. Alex Fraga, Fernanda Melchionna, Sofia
Cavedon. Às
dezesseis horas e dezessete minutos, constatada a inexistência de quórum, em
verificação solicitada por Delegado Cleiton, o Presidente declarou encerrado os
trabalhos da presente Sessão,
convocando os vereadores para a próxima sessão ordinária. Os trabalhos foram
presididos por Cassio Trogildo e secretariados por Paulo Brum. Do que foi
lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º
Secretário e pelo Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, somos, neste País, desde ontem, todos lixos,
todos classificados como lixos pela ultima agência [de classificação
financeira]. Vamos pedir para os ratos que saiam dos nossos sapatos, que saiam
dos esgotos e larguem de mão o povo brasileiro para não sermos classificados
pelas agências internacionais de classificação financeira como lixo. Qual a
classificação que está o Brasil agora? Que parem de tirar os direitos dos trabalhadores!
Que parem de dar dinheiro para banqueiros que levam o Brasil ao lixo, que levam
o Brasil ao fundo do poço, que levam o Brasil a estagnar a indústria nacional,
que levam o Brasil a perder postos de trabalho - somente aqui perdemos 180 mil
postos de trabalho -, que levam o Brasil a destruir a sua industria nacional,
onde todos os produtos, a matéria-prima deste Pais... Dia 3 de março, será
feito um grande movimento contra a pirataria, contra os produtos que entram
neste País. Pasmem, colegas Vereadores! Não é mais o CD, não é mais o disco de
vinil, estamos falando de coisas que não se imaginavam que entravam falsificas
neste País, estamos falando de acessórios para elevador, correntes e cabos que
mexem o elevador, estamos falando de rolamentos de carros. Rolamentos de carros
entram falsificados neste País, não é mais cigarro, que fez fechar a Souza
Cruz, em Cachoeirinha, além da alta carga tributária, além de tirar os
incentivos que a indústria nacional tem, o Governo anunciou não só retirar
todos os incentivos da indústria nacional, beneficiando as multinacionais; o
congelamento do salário mínimo; o dinheiro que tira da saúde, e o Brasil foi
classificado como lixo pela última agência. Voltamos a pedir que os ratos saiam
dos sapatos, que saiam do bolso do povo brasileiro, porque nós pagamos, em 50
dias, R$ 300 bilhões em impostos. Nós pagamos o maior imposto de renda do
mundo! Um trabalhador que ganha R$ 4.800,00, paga 27% de imposto de renda, uma
pessoa que ganha R$ 1.800,00 paga 7,5% de imposto de renda e não têm saúde, não
têm educação, não têm segurança, não têm nada neste País. E, agora, as agências
nos classificam como lixo, classificam esse Governo como lixo! Esse Governo que
não reconhece o sacrifício desse povo para sobreviver, para levar o sustento a
sua família, para manter uma pequena e média empresa aberta, para gerar o
sustento da sua família.
As agências internacionais dificultam mais a
abertura de empresas neste País, facilitando o capital. E isso nos entristece e
entristece muito, porque dificulta a vida de quem está na ponta, que de quem
quer manter o seu emprego, de quem quer abrir uma empresa, de quem quer tirar
um empréstimo, de quem quer fazer capital de giro para sua empresa e a de quem
quer continuar gerando emprego, produtividade neste País. Se nós temos 180 mil
pessoas desempregadas na nossa Cidade, com certeza, essa classificação do
Brasil como lixo, ontem, isso irá aumentar. Irá aumentar, trazer mais
dificuldades, porque esse número de desempregados é baseado em novembro e nós temos
todo o mês de dezembro, janeiro e fevereiro, ou seja, mais um trimestre para
vir esse índice de desemprego. Então, nós temos tempos muito nebulosos pela
frente e é necessário que o Governo faça a sua parte.
Venho dizendo há muito tempo que esse Governo volte
para os trilhos; e o trilho desse Governo é a geração emprego e renda, o trilho desse emprego é investir na indústria nacional, o trilho desse
emprego é investir no campo, é investir no povo, é investir na geração de
emprego e renda. Nada mais neste Brasil vai fazer este Brasil crescer e se
desenvolver senão a geração de emprego e renda. Muito obrigado, Sr. Presidente.
Eu queria dizer que somente com muita luta, força e fé nós vamos mudar a
política econômica deste Brasil e deixar de ser lixo. Mas os ratos têm que sair
dos nossos sapatos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Comunico às Sras. Vereadoras e aos Srs.
Vereadores que já temos a presença dos nossos convidados para o período
temático sobre a mobilização acerca do zika vírus. Se os Vereadores puderem ter
a compreensão de, após a manifestação da Ver.ª Fernanda, iniciarmos o debate,
agradecemos.
A Ver.ª Fernanda
Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, eu, obviamente, vou acompanhar a temática sobre a questão do zika
vírus, mas eu tinha que usar o meu período de Liderança antes – peço licença às
convidadas –, porque quem nos conhece sabe que o PSOL faz o debate franco,
aberto e público.
Neste momento, o
Diretor-Presidente da EPTC está aqui na Câmara de Vereadores, porque houve uma
reunião da base do Governo sobre a questão do aumento tarifário. O aumento
tarifário abusivo, que eu não preciso retomar nesta Câmara de Vereadores, local
das minhas críticas sistemáticas, desde segunda-feira, àquele aumento de
15,38%, ilegal, porque suprimiu uma lei municipal, desconsiderou e desrespeitou
a Lei nº 7.858, de 1997. Mas mais grave do que isso – por isso nós queremos
aproveitar a presença do Vanderlei Cappellari – foi a posição lamentável do
Governo, sobretudo do Diretor Cappellari, quando ontem, nas redes sociais e na
imprensa, tentou chantagear a Justiça, dizendo que não haveria tempo de mudar a
bilhetagem e de retornar aos R$ 3,25, conforme a decisão liminar da juíza, Dra.
Karla, concordando com a tese do PSOL, com a tese dos nossos advogados, da
Luciana Genro, do Pedro Ruas, do Dr. Rafael Lemes; das nossas lideranças, como
o Roberto Robaina, o Ver. Alex e eu mesma, que somos os autores dessa ação.
Nessa tentativa de, mais uma vez, tentar colocar um aumento indecente para as
condições do povo, um aumento obsceno diante de um cenário de crise econômica,
de arrocho salarial, de desemprego, nessa tentativa, a EPTC funcionou como
advogada dos empresários do transporte coletivo, empresários que lucram, há
mais de 60 anos, acima da inflação, usando a sua caneta para fazer uma força-tarefa,
Ver. Alex, durante a madrugada, para tentar revogar a decisão liminar. Em
primeiro lugar, chantageando a Justiça, dizendo que não haveria tempo. Mas na
hora de dar o reajuste não teve problema de tempo, numa sexta-feira, num
canetaço, no decreto, para passar a vigorar na segunda-feira. Em abril de 2013,
quando nós ganhamos em decisão liminar também a redução de tarifa, em decisão
liminar no Judiciário, somada com a mobilização da juventude, em menos de três
horas se mudou a bilhetagem depois daquela decisão e depois da luta enorme dos
jovens da nossa Cidade. E agora eles tentaram inventar essa tese para tentar
chantagear a decisão do Tribunal de Justiça. Mas o Tribunal de Justiça nos deu
razão de novo. Às 4h o Tribunal de Justiça manteve a decisão liminar, mesmo que
a Prefeitura tenha mobilizado a PGM, tenha mobilizado os técnicos das 21h às 4h
para tentar defender os interesses dos empresários. A gente quer essa
força-tarefa para resolver o problema da saúde pública; a gente quer a
força-tarefa da Prefeitura para resolver o problema de terrenos da Prefeitura
cedidos para desmanches de carros, cedidos para quadrilhas do crime organizado,
que são os espaços onde os carros roubados são desmanchados, como foi
denunciado e o meu colega Ver. Alex pede uma CPI. Alugados a R$ 290,00, mas até
agora nós não vimos essa força-tarefa da Prefeitura. Essa força-tarefa da
Prefeitura não existiu. Na hora de tentar garantir a ganância dos empresários,
aí a força-tarefa existiu.
Eu quero aqui dizer, muito tranquilamente, para o
povo, que é importante se manter mobilizado, porque nós sabemos que eles vão
tentar revogar a suspensão do aumento, que eles vão tentar, lamentavelmente,
revogar uma conquista da mobilização popular e da nossa ação do PSOL. Mas eu
quero trazer à tribuna da Câmara a posição do nosso partido, que foi expressa
hoje em coletiva, num pedido feito pelo dirigente Roberto Robaina, colocando
com muita propriedade na coletiva do PSOL sobre o aumento abusivo das tarifas e
a decisão liminar na nossa ação, que revogou esse aumento. O nosso dirigente
foi muito claro, em dizer que o mínimo que se espera é a demissão do Diretor
Presidente da EPTC, Cappellari, diante desse cenário de chantagem e de, por
outro lado, advogar em defesa dos interesses dos empresários e não da população
de Porto Alegre. Portanto, obrigada pela atenção de todos, o PSOL vai seguir na
luta e convocando a mobilização para estar nas ruas, junto conosco, na
segunda-feira que vem, para manter a passagem em R$ 3,25.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Kevin Krieger está com a palavra.
O SR. KEVIN
KRIEGER: Presidente, eu não vou usar o
tempo de Liderança, até porque a Ver.ª Sofia Cavedon fez um convite importante
para uma discussão hoje sobre a área da saúde, e ao longo da Sessão nós
utilizaremos esse tempo. Só queremos deixar muito claro que hoje nós teremos a
presença, aqui, a partir da 16h, da PGM e da Secretaria Municipal da Indústria
e Comércio, que estarão fazendo os esclarecimentos devidos – inclusive o
próprio PSOL pediu – em relação aos desmanches. Então, mais uma vez, a
transparência do Governo em relação a trazer seus Secretários para fazer os
esclarecimentos.
O SR. CLÀUDIO
JANTA (Requerimento): Sr. Presidente, em função de temas importantes que
temos hoje para discutir e em acordo com o Ver. Delegado Cleiton, solicito a transferência do período de Grande Expediente de hoje para a próxima
Sessão.
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Clàudio Janta. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADO.
Passamos às
Hoje,
este período é destinado a tratar da mobilização acerca do zika vírus.
Convidamos para compor a Mesa a Sra. Sandra Fagundes, representante do Governo
Federal; a Sra. Charlene Schneiders, Coordenadora-Geral Adjunta da Secretaria
Municipal de Saúde; a Sra. Lavínia Shüler Faccini, Presidente da Sociedade
Brasileira de Genética Médica.
A Sra. Charlene Schneiders está com a palavra.
A SRA.
CHARLENE SCHNEIDERS: Boa tarde a todos e a todas, primeiramente eu
gostaria de agradecer o convite da Câmara em nome do Secretário Fernando
Ritter, quero trazer para vocês que nós estamos bem comprometidos, desde o ano
passado, tanto pela questão da zika, mas também da dengue e da chicungunha. E,
com relação a isso, desde o ano passado, nós desenvolvemos um plano de
contingência. O plano de contingência tem um plano nacional e um estadual, e
também os Municípios têm o compromisso de desenvolver um plano de contingência
municipal, que prevê todas as ações relacionadas em cima do número de casos que
nós teremos ao longo do ano. Então, em cima do plano de contingência, nós
colocamos todas as ações previstas, tanto com relação a RH, medicamentos, casos
que poderemos ter este ano, de acordo com o diagrama de controle em que
analisamos, nos últimos 10 anos, o número de casos que nós tivemos no
Município. E nos preocupa este ano, sim, porque estamos em um ano com uma
questão climática que favorece a infestação do mosquito. Então o mosquito Aedes vai transmitir não somente o vírus
do zika, mas também da chicungunha e da dengue.
Então, eu gostaria de trazer para vocês alguns
dados com relação a Porto Alegre. Até o dia 23, com relação à sétima semana
epidemiológica, nós estamos com 401 casos investigados de dengue, chicungunha e
zika. Confirmados 24 casos importados – 23 sendo de dengue e um caso de zika. E
28 casos de dengue autóctones. As nossas ações prioritárias nesse momento estão
sendo onde estamos tendo o maior número de casos de dengue autóctone, que são
na Zona Sul da Cidade. Então, desses 28 casos autóctones, 22 são da Vila Nova;
dois da Aberta dos Morros; um do Passo das Pedras; um do Rubem Berta; um do
Santo Antônio; e um do Sarandi. As nossas ações prioritárias são sempre
utilizando as armadilhas que nós temos em 27 bairros da Cidade, mais de 900
armadilhas são vistas diariamente e informadas no site onde está o Aedes, e também através do levantamento
rápido do LIRA, nos outros bairros da Cidade. Hoje há 20 bairros em que estamos
tendo um olhar mais aprofundado porque o LIRA – Levantamento de Índice Rápido do Mosquito Aedes Aegypti – estava acima de 3,9%.
Tanto a Vigilância, Atenção Básica e também outros
atores da Prefeitura fazem parte de um grupo de trabalho intersecretarias,
designado por portaria do Município e instituído pelo Prefeito, e reúnem-se
toda quarta-feira, pela manhã, contando com a presença do GHC, desenvolvendo
ações em cima do quadro epidemiológico semanal. Analisamos como estão as
infestações, qual o número de casos autóctones no Município, e de que forma
vamos agir no território. Programamos ações de remoção de lixo e resíduos com o
DMLU. Só no bairro Bom Jesus, retiramos 30 toneladas de lixo em uma das ações
realizadas, e esta semana estamos intensificando ações no bairro Vila Nova não
só com o DMLU, mas com a Defesa Civil, Vigilância Sanitária, agentes
comunitários, agentes de endemias. Estamos indo de casa em casa, fazendo buscas
ativas, fazendo PVE, identificando quais são os casos que temos hoje com
sintomas e sinais para, o quanto antes, poder encaminhar ao atendimento, fazer
notificações e bloqueios necessários.
As nossas ações nos territórios, hoje, conseguimos
realizar e intensificar através desse grupo de trabalho instituído, com
encontros semanais, tanto notificando como também capacitando os profissionais
da ponta para estarem preparados para receber casos de dengue, chicungunha e
zika. Temos protocolos instituídos, os profissionais estão preparados para
receber as pessoas que estão com sinais e sintomas. A Unidade Básica de Saúde é
a referência prioritária como porta de entrada para os usuários procurarem, e vimos
reforçando isso para não sobrecarregar as outras portas de entrada do Sistema
Único de Saúde.
Estamos convidando que toda a população faça uma
revisão semanal nas suas casas, que revise todos os objetos. Fizemos um
levantamento através do LIRA e identificamos que são os pequenos objetos, os
recipientes menores que a gente na casa, no domicílio, os principais focos para
a questão do mosquito. Então, a gente precisa intensificar junto à população a
retirada desses pratinhos, desses pequenos objetos que acumulam água e fazer
uma mobilização semanal. Do momento do ovo até ele virar mosquito são dez dias,
então, se toda a semana a gente fizer uma revisão semanal na casa e conseguir
eliminar esses principais focos, a gente não vai ter um aumento de infestação
de mosquitos. São alguns cuidados que a gente está reforçando junto à
população, a gente precisa reforçar essa conscientização em todo o cidadão da
capital neste momento. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Sra. Sandra Fagundes está com a palavra.
A SRA. SANDRA
FAGUNDES: Boa tarde aos senhores e senhoras. Boa tarde ao Presidente, às minhas
companheiras de Mesa aqui. Saúdo-os pela iniciativa, particularmente a Bancada
do PT, em nome da Ver.ª Cavedon, que tomou esta iniciativa e que foi aceita
pelo conjunto da Câmara, dos Vereadores. O tema do zika, efetivamente, é um
problema que tem tomado conta de todo nosso País e de países vizinhos. O alerta
partiu mais contundentemente, de modo forte, a partir de outubro de 2015. E,
desde então, o Governo tem sido incansável em relação à mobilização de suas
próprias forças e atores, desde o Executivo, buscando efetivamente ações,
porque só assim se conseguirá ganhar esta guerra, com a parceria entre os
profissionais e outros atores, particularmente os grupos de pesquisa e a
sociedade em geral. Esta semana – os senhores devem ter acompanhado – a
Presidente da Organização Mundial de Saúde está no Brasil acompanhando as ações
e referenda as ações desenvolvidas pelo Governo. Essa é uma ação monitorada e
comandada diretamente pela nossa Presidenta Dilma com 18 entidades do Governo
Federal e em parceria com os demais entes, como eu já disse para os senhores,
Estados e Municípios. Tem-se colocado, uma vez declarada
como uma epidemia, o monitoramento sistemático, no mínimo semanal, de como tem
se dado esse perfil. É algo que nenhum de nós desejávamos, mas também está
sendo uma oportunidade de o Brasil fazer essa articulação entre o zika e a
microcefalia; depois a nossa doutora vai explicar mais objetivamente sobre essa
associação e implicação. Então isso foi a partir de Pernambuco, de
profissionais médicos que estavam acompanhando partos e verificaram um aumento
da microcefalia. Desde então se tem encontrado evidências de associação, ainda
cem por cento da confirmação está em andamento, mas existe essa relação. Por
isso a necessidade de que as mulheres em idade fértil se cuidem, pois um dos
lugares dos criadores do mosquito é domiciliar. Como já foi dito pela
representante do Município, é necessário o trabalho conjunto dos governos, dos
agentes da saúde, dos demais atores sociais e de cada um e cada uma em sua
casa.
Eu só quero reforçar
também que não basta só trocar a água; tem que limpar as paredes dos
recipientes, porque nós precisamos combater a larva do mosquito, o mosquito e
seus criadores. A larva do mosquito se instala nas paredes dos recipientes e
pode ficar muito tempo ali até se desenvolver. Uma larva pode durar meses, em
torno de quatro meses a um ano, grudada numa parede. Então há necessidade de a
gente limpar realmente essas paredes dos lugares onde podem estar possíveis
criadores.
A sociedade tem
respondido e se mobilizado. No dia 13, nacionalmente, fizemos uma ação
importante em todo o País, aqui em Porto Alegre também, particularmente, na
parte que me toca, via Grupo Hospitalar Conceição, na Zona Norte. E quero dizer
que tem produzido efeito, a população está conscientizada, colaborativa. E os senhores
podem ter mais acesso às informações tanto no site do Município, da Secretaria Estadual de Saúde e também no site do Ministério da Saúde. No nosso site do Grupo Hospitalar Conceição
também existem informações diretas ou em
link com o Ministério da Saúde
sobre ações de prevenção, orientação. E lá, nós temos um GT que se reúne semanalmente,
onde são trabalhados desde protocolos clínicos de cuidados, formação de pessoas
e também há informações sobre dúvidas que existem, que também vocês podem
acessar nos diversos sites que falei
e também no Grupo Hospitalar Conceição.
Na verdade, o que nós queremos é reforçar a
convocatória, hoje, do Governo Federal - e de toda sociedade que está em alerta
para que continuem nessa questão - para que a Câmara de Vereadores e cada um
dos Vereadores se engajem nessa luta contra esse mosquito. Garanto que se vocês
procurarem aqui no prédio, ao redor do prédio vocês vão encontrar algum foco, e
seria muito importante que aqui se tivesse um pequeno núcleo – já estou
sugerindo, Presidente – ou um GT de combate aos criatórios do mosquito, que
seguramente estariam fazendo a sua parte. Coloco-me à disposição de todos,
muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): De imediato, passo a palavra à Dra. Lavínia Schüler
Faccini, Presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica.
A SRA. LAVÍNIA
SCHÜLER FACCINI: Boa tarde. Obrigada, agradeço também pela
possibilidade de estar aqui e saúdo a iniciativa da Câmara de Vereadores, na
presença da Ver.ª Sofia Cavedon. Eu sou médica, trabalho com crianças com
anomalias congênitas e por isso eu estou envolvida com a questão da
microcefalia. Eu vou fazer uma perguntinha, o pessoal do plenário e das
galerias pode levantar a mão também se quiser: quantos de vocês acham que há
microcefalia na cidade de Porto Alegre? Quem acha que tem microcefalia em Porto
Alegre? Tudo bem. Então, temos uma pergunta para responder e essa pergunta é
importante que seja respondida. Sim, temos microcefalia! O que quer dizer
microcefalia? Microcefalia quer dizer crianças que nascem com cabeça pequena,
de uma maneira simples; perímetro cefálico menor do que o normal, isso acontece
por diferentes causas e sempre existiu. Assim como há pessoas que são
baixinhas, há pessoas que têm cabeça menor. Há causas de microcefalia já
conhecidas: infecções congênitas, uso de álcool durante a gravidez, uso de
algumas medicações e causas genéticas. O que nós estamos vendo de diferente
agora e por sorte ainda não em Porto Alegre nem no Estado do Rio Grande do Sul,
e por isso o alerta é importante? No nordeste está aumentando muito a prevalência
ou o número de casos nascendo com microcefalia, mas mais importante que isso,
não é qualquer microcefalia. Na segunda-feira eu estava em Sergipe examinando
crianças – é uma microcefalia muito grave. Por que acontece microcefalia? Como
eu falei, há diferentes causas, mas o que leva a cabeça a ser pequena? Ah pode
ser que os ossos sejam menores e se fundam antes. Então vocês viram nas redes
sociais aquela jornalista que se formou e disse que teve microcefalia, que se
formou, que fez cirurgia. Por que a gente não faz cirurgia em todos? Porque ali
era um problema ósseo, não era um problema do cérebro. Então o que a gente está
vendo no nordeste? As crianças têm um cérebro que se forma muito mal, além do
que as evidências mostram que o cérebro começa a se formar bem e aí em algum
momento da gravidez acontece alguma coisa e esse cérebro como que colapsa, como
que se caísse aqui o telhado em cima de nós porque não tem nada para sustentar.
Isso leva à microcefalia. As evidências são muito fortes de que seja o zika
vírus. Essas outras coisas que aparecem nas redes sociais de que foi vacina
vencida, de que seja o larvicida ou sei lá o quê, não têm base científica
alguma. A única coisa que está sendo investigada e que tem causa e consequência
é o zika vírus. Coloco-me à disposição para perguntas, mas a mensagem é a mesma
das duas colegas que me precederam: se o zika entrar aqui é muito grave. A
maior parte das mulheres quando engravida não sabe que está grávida. A infecção
é antes que se reconheça a gestação. É um alerta importante, a mobilização é
importante e a consequência é muito grave e não tem tratamento. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Esclarecemos que desde o início de janeiro esta
Casa tem sofrido o monitoramento diário em relação aos possíveis focos do Aedes aegypti. O Ver. Dr. Raul Fraga
está com a palavra.
O SR. DR. RAUL
FRAGA: Boa tarde, Presidente Cassio, satisfação receber visitas tão
significativas, tão conhecedoras como vocês que nos honram aqui hoje. Na
realidade, na condição de médico e Vereador eu tenho acompanhado esse processo
já há alguns anos, inicialmente quando a dengue começou a se fazer presente com
mais força aqui em Porto Alegre. Tive, inclusive, ocasião de atender na região
do Partenon, região mais da Vila Vargas, vários casos suspeitos e alguns
confirmados de dengue na região. Diria que isso já tem em torno de cinco, seis
anos, então a gente já tem uma certa vivência nessa área. Procurei, já como
Vereador, fazer a minha parte muitas vezes, através de informações junto à
comunidade, cartilhas contra a dengue, enfim. Depois, em 2009, participei muito
da questão da gripe A também, que foi uma epidemia. O Conceição sabe bem o que
foi isso, chegou a se montar umas estruturas, infelizmente tivemos vários
óbitos, mais de 300 óbitos. E nessa situação agora a gente tem que estar muito
alerta, porque o que nós estamos vendo? Nós estamos vendo uma condição do mesmo
mosquito que se falava só em dengue e hoje se fala muito mais na zika em função
das gestantes, da microcefalia. E esse relacionamento, inclusive, que a nossa
médica geneticista tão bem referiu é fundamental para que a gente possa
interferir no processo. Eu acredito que nós tivemos, por exemplo, experiências
com a talidomida que deixou muitas pessoas com sequela, e nós estamos nos
encaminhando para uma situação parecida com a microcefalia. Crianças que podem
morrer, crianças que podem ficar com problemas neurológicos graves por toda a
vida, então nós não estamos brincando e sabemos que precisamos ter uma massa
crítica de conhecimento e de ação. Nós temos que sair, agora, só da questão da
informação, porque a nossa população toda hoje já está informada. Então é uma
população, seja mais pobre, seja mais rica, que está informada, e nós precisamos
agir com intensidade para que cada cidadão, cada cidadã se torne realmente um
agente a combater o alvo principal, que eu diria que é o mosquito, sejam seus
ovos, suas larvas, enfim, e onde eles estiverem tem que ser combatido. Nós
temos que criar programas educativos, com certeza, mas nós precisamos incutir
em cada cidadão, desde a criança na escola até a pessoa mais idosa, que nós
temos alguma coisa importante a combater, unidos. E essa união deve ser
reforçada, porque, realmente, a gente tem notado que os mosquitos estão cada
vez em maior número, o número de criatórios é imenso, em todos os lugares, desde a tampinha de refrigerante virada para cima até a piscina, a
caixa d’água destampada, enfim, onde nós tivermos uma água limpa, parada, nós
teremos ali, com certeza, larvas, essas larvas vão se transformar em mosquitos,
e esses mosquitos vão seguir transmitindo, infelizmente, essas doenças. Temos
até notícias de que podem vir mosquitos que já poderão eles mesmos transmitir a
doença sem ter que picar uma pessoa. Já algumas referências a isso, que o
próprio mosquito já nasça sensibilizado para transmitir a doença. Eu acho isso
gravíssimo, se isso, realmente, acontecer, porque até hoje nós falamos em casos
autóctones. Quando vêm de outras regiões, então, essa é mais uma perspectiva
que será muito difícil de ser combatida. Então, nós temos que diminuir, se
possível eliminar, mas este é um mosquito que vem lá do Egito e está aqui há
muito tempo se procriando. Então, o que eu gostaria de deixar é uma mensagem
sobre a relevância do trabalho de todos que estão envolvidos com isso, e que
cada vez mais cada pessoa tem que se envolver com esse processo. Porque, lembro
do tempo que nem se falava em dengue, nem neste tipo de doença, e hoje, a gente
vê que isso virou mania nacional, e não é por acaso, porque são milhares de
casos diagnosticados, milhares de casos em investigação. E o nosso Estado,
apesar de estar entre aqueles de menor incidência, ele, com certeza, está no
mapa da dengue, do chicungunha e do zika. Então, vamos fazer todos os nossos
esforços para que possamos juntos melhorar e mandar para frente a nossa Saúde
da melhor forma possível. Muito obrigado, saúde para todos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em
Comunicações e prossegue em Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Primeiro, agradecer
com muito carinho a Sra. Charlene, Coordenadora Adjunta da Secretaria Municipal
de Saúde; a Sandra do Grupo Hospitalar Conceição, que é responsável por uma
imensa ação em Saúde em Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul, e em
especial a Dra. Lavínia, Presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, que se
dispôs a vir e fazer este diálogo conosco. E este diálogo, doutoras, nós provocamos,
a Bancada do Partido dos Trabalhadores, a partir da mobilização nacional. A
Mesa, Presidente, acolheu, encaminhou para o conjunto dos líderes, nós estamos
ao vivo na TVCâmara, e, no final de semana, passa várias vezes esta Sessão,
então, para saber que não é apenas o impacto neste momento para as pessoas que
aqui acompanham, mas também para muitos que acompanham depois em outros
horários. Quinta-feira é, não parece, uma tarde nobre nesta Casa.
No dia da mobilização, nossa bancada fez uma ação
conjunta numa das comunidades, na Vila Ipê, onde seu líder comunitário, o
Paulinho, dizia que havia nuvem de mosquito preto e que havia, sim, o zika
vírus, o mosquito que transmite o zika vírus, o Aedes Aegypti. Nós não verificamos, no dia, um desses vírus, mas a
primeira questão que, então, eu vou levantar já vem da vivência que nós tivemos
naquela manhã na Vila Ipê II; nós já a trouxemos a plenário, já encaminhamos ao
Governo, sei até que saiu reunião. Lá há um problema seriíssimo de galerias que
se tornaram obsoletas diante de grandes empreendimentos, e uma comunidade
inteira, 80 a 90 casas, tem alagamentos sistemáticos a cada chuva muito forte -
situações dramáticas. E há, sim, lugares, onde a água fica parada. Eu escutei
agora há pouco, da Charlene, se não me engano, que são os potezinhos de casa os
principais criadouros. Bem, esta é a pergunta: no ambiente, na questão de
saneamento, onde fica aquela água parada nas valetas, nos valos, nas bocas de
lobo - que nós temos fotos ali, no bairro Jardim Botânico, de os moradores
contratarem pessoas para limparem a boca de lobo, de tirar aquele carrinho de
mão cheio de terra de dentro da boca de lobo -, ali dentro, nesses lugares,
está ou não está se formando o foco do mosquito transmissor dessas doenças?
Porque este é um tema que foge da nossa governabilidade, tem um desafio grande
na cidade de Porto Alegre, é o saneamento básico. Então, esta é uma pergunta, o
saneamento básico. O tratamento do esgoto, o escoamento, a separação do esgoto
cloacal do esgoto pluvial, que dimensão tem? Desculpem, se não é a alçada de
vocês, não precisam responder, porque a gente também
passa por isso e está trabalhando com o Governo Municipal.
De outro lado, o tema
do lixo. Eu tenho uma experiência nova: na frente da minha casa, agora há pouco,
foi colocado um contêiner, na Rua Carazinho. Nós já problematizamos bastante
quando da colocação dos contêineres no Centro da Cidade, a ideia do retrocesso
que aconteceu em função de o contêiner fazer com que cada família se
desrresponsabilize do seu lixo doméstico, pois todo o dia desce e larga.
Eu tenho, perto de
casa, um restaurante de assados, e, agora, a gente convive com um cheiro
insuportável no contêiner. Então, acaba que, além de juntar lixo seco e
orgânico, porque as pessoas aproveitam e jogam fora lixo seco, o contêiner não
tem uma lavagem permanente, o chorume se acumula – eu acompanho, é na frente da
minha casa –, e, quando o caminhão vira, desce aquele chorume, não tem lavagem
daquele contêiner. Falo isso em função da política pública do tratamento...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: ...A Charlene, em
nome da Secretaria, fala que, aqui, o DMLU está fazendo uma parceria de recolhimento
de lixo. Então, fica a pergunta sobre essa questão da lavagem dos contêineres.
A questão da retirada
de lixo em terrenos fechados; sei que está votado, mas o morador de Porto
Alegre solicita para quem? A casa está fechada, ele enxerga – recebemos denúncias
esta semana –, tem uma piscina, poças, resíduos, ninguém entra, ou não deixam,
ou não tem ninguém em casa, como a população pede ajuda, denuncia terrenos
baldios com lixo, provavelmente com latas, enfim? Acho que esse é um tema para
esclarecer e ajudar a população a agir, porque todos estão querendo agir e
estão preocupados.
Trato de um outro
tema, de uma outra dimensão, já encaminhando a minha fala, para não
monopolizar. Primeiro quero dizer que, de fato, a gente se dá conta que, em
função da microcefalia, Doutora, houve o pânico geral – ainda não é talvez a
consciência que tem que tomar a população –, mas e a dengue? Nós tivemos agora
uma colega que disse que os sintomas são péssimos, quer dizer, tem outras
doenças que também são graves, e talvez a gente pudesse e devesse aproveitar
este momento de comitês intersetoriais, de uma parceria que eu quero elogiar.
Eu não vejo o Município responsabilizando a União, a União responsabilizando o
Estado; eu vejo uma unidade de ação. Acho que é a primeira vez que vemos, em
torno de um tema, uma unidade, uma parceria, uma solidariedade, uma
complementaridade. O que a gente percebe? Eu tive a oportunidade de conhecer o
Japão e a Tailândia neste verão. Para mim, foi um descortinar; vi que outro
mundo é possível. No Japão, eles são neuróticos com o tema da limpeza, com o
tema da doença. Ora, senhoras e senhores, para uma criança, desde pequena,
utilizar uma máscara, se está gripada, se o adulto está gripado não sai na rua
ou sai com máscara para não transmitir ao outro. Quando chegamos a um boteco
qualquer, eles já disponibilizam um paninho quente para nos limparmos, com água
limpa. Eles têm uma neurose com limpeza, uma consciência coletiva. E esta é a
pergunta que eu faço a vocês: será que é possível que a gente, a partir desta
crise, comece a produzir outra consciência social em relação ao lixo? Eu
preciso separar; eu não posso produzir focos de moscas, de mosquitos; eu tenho
como fazer essa gestão; eu tenho como não transmitir a minha doença para os
outros; eu tenho responsabilidade com a limpeza urbana, com a saúde, com a
qualidade de vida.
Vocês acompanharam um
pouco o debate do sal. As pessoas têm muita resistência em relação a qualquer
tema que chame a atenção para a necessidade de mudar de postura. As posturas
preventivas têm que ser assumidas por todos, em todas as áreas, nas doenças
preveníveis, que são muitas, como este, por exemplo, que estamos tratando hoje.
Então a
minha expectativa, e aí eu pergunto, Dra. Lavinia, nos debates que nós fazemos,
na universidade, será que é possível, dentro de uma mobilização deste tamanho,
nós, de fato, tornarmos permanente a criação de políticas voltadas ao
surgimento dessa nova consciência, dessa nova postura, que eu chamaria de uma
postura consequente, com consciência coletiva, consciência de sociedade? Nós
estamos todos no mesmo mundo, nós estamos interligados. O que acontece lá na
África vai chegar aqui, sim; o que acontece na Ásia vai chegar; e vice-versa.
Não é assim, que não tem nada a ver conosco as pessoas que moram, os
imigrantes, os outros planetas, os outros países, as outras situações, temos
que ter consciência de que somos cidadãos do mundo, que a água, o lixo que nós
cuidamos ou não aqui implica na vida de todos do planeta, e essa consciência
nós devemos ter, já que o Brasil faz essa associação e está ensinando e
chamando a atenção do mundo, quem sabe ele consegue. Eu falei do Japão, mas na
Tailândia há problemas de saneamento gravíssimos, mas, ao lado disso, há
superações muito importantes como o tema da segurança. Então é possível, sim,
constituir novas posturas...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Ver.ª
Jussara Cony está com a palavra em Comunicações e prossegue em Comunicação de
Líder, pela oposição.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, quero cumprimentar de forma agradecida pela
presença da Charlene, que representa a Coordenadora Adjunta do Município de
Porto Alegre, da Sandra Fagundes, atual Diretora Superintendente do Grupo
Hospitalar Conceição, e da Dra. Lavinia Faccini, que representa a Sociedade
Brasileira de Genética Médica. A primeira questão, quero destacar – e eu o faço
como Vereadora e como profissional farmacêutica –, é essa unidade de ação, que
vemos em todo o Brasil, dos entes federados, e os pronunciamentos aqui dão essa
dimensão. Os entes federados chamando uma sociedade organizada, desde uma
sociedade genética que está hoje aqui conosco, até cada cidadão e cada cidadã.
Acho que esse é um modo diferenciado da Nação brasileira enfrentar os seus
problemas. São decisões políticas que são fundamentais para que a população,
cada vez mais, tenha condições de tomar consciência do seu papel.
O Dr. Raul lembrou,
quando do H1N1 – eu era Diretora Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição,
e eu faço essa referência para dizer do papel do Grupo Hospitalar Conceição,
agora também sob a gestão de uma segunda mulher na história do nosso Hospital,
que é a Sandra Fagundes –, àquela época, o Ministro Temporão nos ligou na
madrugada para pegar o exemplo do Grupo Hospitalar Conceição para espalhar para
todo o Brasil. É disto que se trata: um grupo como o Grupo Hospitalar
Conceição, desde o primeiro mandato do Governo Lula, por decisão política, se
tornou cem por cento SUS, e o papel que ele tem como prestador de serviço e
também como um processo de desenvolvimento de ciência, de tecnologia, de
cuidados desde a atenção básica até alta complexidade. Então, eu creio que
destaco essa importância. Mas eu quero destacar também essa unidade de ação,
acho que isso foi fundamental. Agora, no que ocorreu no dia 3 de fevereiro em
todo o Brasil, quero destacar o papel do Município, do Ministério e do Exército
Nacional. É o papel do Exército Nacional, como defensor da soberania nacional,
defensor da saúde da população, porque há muita formação nessa área de saúde no
Exército Nacional, antagonizando com qualquer regime de exceção, e numa atitude
que leva a aprofundar, inclusive, a democracia, defendendo a democracia em
nosso País.
Eu creio que a Ver.ª
Sofia termina com essa consciência coletiva, e acho que isso é muito importante
– porque é a informação, a educação da população – cada um de nós sermos um
agente de saúde. E aí eu me refiro ao Município, Charlene, na perspectiva de
nós entendermos, dentro do Município, as transversalidades, porque aí tem que
dialogar saúde, meio ambiente e educação. Eu acho que uma ação efetiva nas
escolas, porque nas escolas nós temos as crianças, que são o veículo de educação,
inclusive dos adultos, e é a estratégia que temos que usar, destacando,
inclusive, esse olhar, que, se não me engano, a Sandra Fagundes traz a todos
nós, de que as mais atingidas são as mulheres. Esse diálogo das crianças com as
mães, esse diálogo nas escolas é fundamental.
Se for possível, vou
usar o meu tempo de Liderança, porque eu quero só chamar a atenção; esta é uma
tribuna extremamente importante, graças à presença de vocês, graças a este
momento que a Ver.ª Sofia e a Bancada do PT propuseram, naturalmente secundada
por toda esta Casa, tanto que estamos todos aqui, no sentido de trazermos esse
assunto, porque é um momento em que a população está nos ouvindo. E este
diálogo é importante – esta é uma Casa que também tem que cumprir o seu papel.
A Sandra Fagundes traz isso muito bem, e eu quero colocar algumas questões.
Acho, Charlene, que é
muito bom tu trazeres aqui que a referência para a população é a Unidade Básica
de Saúde. É isso que nós queremos. O dia em que nós entendermos, não apenas num
momento como este, que a Unidade Básica é para garantir a saúde da população
como um todo, que a Unidade Básica é referência prioritária, que é a porta de
entrada do sistema para nós trabalharmos com saúde, não mais com doença, quando
invertermos a lógica perversa, que inclusive é banalizada nas mídias, nos meios
de comunicação, que é a própria banalização da dor. Então essa referência para
a população saber é importantíssimo. O Município está aqui dizendo que a
Unidade Básica de Saúde é a referência prioritária para tudo. São informações
que o Município traz dos dez dias, do ovo até o mosquito, de como temos que
cuidar e a população fazer a sua revisão semanal nas suas casas, porque lá
continua o desenvolvimento, nos recipientes onde ficam grudados.
Tenho a convicção,
quando a Sandra Fagundes coloca, que temos que nos dirigir muito e dizer da
atenção que temos que ter às mulheres em idade fértil, porque, do momento da
fecundação até o momento de saber que está grávida, há um hiato; então esse
cuidado tem que ser permanente. As mulheres grávidas devem ter cuidado, porque
há evidências da associação da microcefalia – há outros tipos de microcefalia –
com o mosquito. Então, mulheres em idade fértil, muito cuidado. Aí é a questão
do Município mesmo. Nós, mulheres, exercemos a nossa função social da
maternidade, a função econômica, exercemos a dupla jornada de trabalho, muitas
vezes a tripla, somos chefes de família, e um dos locus da nossa estada é também a nossa casa. As mulheres têm que
estar muito atentas para isso; não que o homem não tenha que cuidar e ajudar a
fazer esse trabalho dentro de casa, mas somos nós mais que convivemos, mesmo
exercendo a dupla jornada de trabalho. A população deve estar mobilizada, e
acho muito bom informações diretas do GHC, do Município, do Ministério da
Saúde. Acho que, quando o Ministério da Saúde consegue fazer essa unidade entre
os entes federados e a sociedade organizada, está cumprindo o seu papel de
garantir a saúde da população, garantir as informações e garantir a porta de entrada
e o atendimento e reforçar essa convocação do Governo Federal. A Câmara
Municipal é o local importante de informações, porque esta tribuna, a todo o
momento, está à nossa disposição, está à disposição da sociedade e tem os meios
de comunicação da Câmara Municipal que levam à população as informações que
vocês trouxeram aqui, um GT de combate ao mosquito.
Já aproveito, Ver.ª
Lourdes Sprenger – V. Exa. que é nossa Presidente da Comissão de Saúde e Meio
Ambiente –, para que, na próxima reunião da Comissão, se trate de um GT, sob o
aval da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, em relação ao papel da Câmara
Municipal, junto com o Município, junto com os entes federados e com a
sociedade organiza.
Por fim, Dra.
Lavinia, acho muito importante a sua presença nessa iniciativa da Câmara,
porque a Sociedade Brasileira de Genética Médica é uma área de profissionais
estratégicos da área de saúde; não dentro da visão hegemônica, mas da visão de
equipe multidisciplinar de saúde, ainda mais nesse campo da genética. É importante
estar conosco aqui e trazer essas informações de que, em algum momento da
gravidez as crianças se deformam. As evidências do zika vírus estão ocorrendo
no Nordeste brasileiro; não com aquele olhar antigo de que a população
nordestina era menos capaz, pelo contrário! Mas temos de ter o olhar de que lá
estão os focos maiores, e o cuidado da Nação tem de ser direcionado para o
Nordeste. A população não é inferior, não é uma raça inferior, como se dizia
historicamente nesse País – são brasileiros. Não é por inferioridade que estão
tendo o zika, mas pelas dificuldades objetivas que se encontram no Norte e
Nordeste do nosso País.
Muito obrigada, tenho
muita gratidão por vocês estarem aqui. São três mulheres dirigentes,
profissionais de saúde que vêm a esta Casa, num momento como este, mostrar esse
olhar das grandes cuidadoras do universo que somos nós, mulheres – não porque
sejamos mais do que alguém, mas porque estamos exercendo uma função social
estratégica e fundamental, embora não reconhecida pela sociedade capitalista.
Muito obrigada pela presença de vocês, engrandeceram muito esta Casa, as
informações e o nosso entendimento também.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver.
Paulinho Motorista está com a palavra em Comunicações.
O SR. PAULINHO MOTORISTA: (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em meu nome e em nome do Ver.
Airto Ferronato, pelo partido PSB. Só tenho a agradecer, Dra. Charlene, Dra.
Sandra e Dra. Lavinia. Eu estava atento, e as doutoras disseram que agradeciam
por esta oportunidade. Quem tem que agradecer somos nós, Vereadores, por vocês
estarem aqui nesta tarde, saírem de suas funções e virem trazer estas palavras
para nós, esta palestra muito importante. A gente acompanha, no momento atual,
as pessoas passando por essa dificuldade, como a Dra. Charlene falou, citando a
Vila Nova, onde tem um foco bem importante, eu tenho acompanhado no dia a dia.
Isso, às vezes, passa despercebido por certas pessoas, porque não está
acontecendo com ela, não está acontecendo com a sua família; está acontecendo
na rua do vizinho, não é com ela; isso aí vai passar e ela não tem de se
preocupar. Não é assim, porque vivemos entre seres humanos e temos que pensar
sempre um no outro.
A Ver.ª Sofia falou
agora mesmo do pessoal que larga lixo, a gente vê, e é triste, Dra. Lavinia,
porque as pessoas estão largando mesmo. Esses dias, eu estava chegando num foco
para pedir a retirada do lixo, vi um camarada, no seu carrão, encostando, na
minha frente, a camionete. Ele ligou o alerta, eu fui parando atrás dele, tipo
empurrando, tipo batedor da PE. Ele deu um tempo, arrancou e não parou mais. Eu
sabia que ele ia largar lixo ali! Então, é difícil. Vocês mesmas estão hoje
aqui para acabar com essa epidemia, tentando fazer o máximo para que a gente
não sofra com isso, mas é difícil. Vocês chegam lá, Dra. Sandra, atendem um
paciente, com toda aquela dificuldade, aí vou eu lá, alugo um caminhão, alugo
uma carroça, e vou largando lixo pela Cidade.
Hoje, por esta
palestra que vocês vieram nos trazer, eu volto a dizer que a gente só tem a
agradecer. Nós, os 36 Vereadores, que trabalhamos para a população, ficamos
muito felizes e agradecidos por vocês estarem aqui hoje, porque esta palestra
foi muito importante. Eu estava ali atento, porque gosto de aprender – estou
sendo transparente – com essa profissão maravilhosa que é a medicina e que eu
admiro muito.
Esta semana, estava
falando com o Dr. Raul – pedindo informações, trocando ideias, perguntando,
porque gosto de aprender – sobre a situação da dengue, e volto a dizer que
gostamos de aprender e temos que procurar escutar, atentamente, para que
possamos passar adiante. As pessoas me perguntam, Vereador, como será isso? E,
se eu já aprendi, se eu já escutei, eu consigo falar, eu consigo responder. Foi
muito importante vocês terem vindo hoje, saído das suas funções para nos
trazerem uma imensa alegria e transparência sobre essa situação que a nossa
população está vivendo na atualidade. Como eu volto a dizer, passa
despercebido, porque não é comigo, não é com a minha família, mas nós temos que
ter consciência e conscientizar a população para ajudar, porque vocês,
sozinhos, não conseguem resolver, bem no brasileiro, Dra. Sandra, toda essa
“parada” aí. Continuaremos firmes, falando em meu nome, em nome do Ver. Airto
Ferronato, sempre à disposição de vocês. Esta Casa do Povo é de vocês, e quem
agradece somos nós, Vereadores...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Ver.ª
Lourdes Sprenger está com a palavra em Comunicações.
A SRA. LOURDES SPRENGER: (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria de cumprimentá-las pelas
exposições, pelos esclarecimentos. Estamos bem informados, mas a população é
imensa e temos que estar sempre relembrando, porque é um caso muito sério que
evoluiu, a partir da dengue, colocando em risco a nossa vida, porque pode levar
a óbito, em alguns casos. E também toda a imprensa tem pautado, tem se lido
muito, tem se assustado muito. Nós, que não somos da área médica, estamos
presidindo a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, que somos mais ligados ao meio
ambiente e à vida animal, mas temos lido sobre casos de microcefalia; sobre a
ação do Secretário do Estado, que proibiu o uso de larvicidas com uma certa
substância; e também sobre os boletins epidemiológicos que apontam casos, e às
vezes ocorrem ao lado da casa onde se reside. Como disse o Ver. Paulinho, nós
nos preocupamos com a situação quando nos atinge. Também temos recebido algumas
reclamações sobre ônibus que ficam estacionados. Eu moro em uma área onde tem
muito verde, tem muitos mosquitos; se deixarmos o carro aberto de manhã também
acharemos muitos mosquitos dentro dele.
Nós queremos dizer
que essa pauta estava prevista para a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, e, na
terça-feira que vem, teremos convidados – acredito que a Dra. Sandra estará
presente –, para ampliarmos todas as ações que estão sendo desenvolvidas, de
forma que fique registrado em nossa Comissão que nós temos esta prerrogativa.
E, mais uma vez, dar conhecimento a todas as pessoas que já tenham lido sobre o
assunto, mas não é demais relembrar, porque, além das ações que estão sendo
feitas em nível municipal, estadual e federal, é muito difícil de as pessoas se
conscientizarem. Na questão dos focos de lixo, limpam numa semana e na outra
semana se observam mosquitos, então é um trabalho intenso.
Eu acredito que a
propaganda, a divulgação está muito boa, até nas farmácias têm fôlderes
indicando o que fazer para combater o mosquito. Também temos outros casos de
doenças graves, e nunca é demais se gastar em publicidade.
Então, quero
cumprimentar pela pauta e dizer que vamos ampliar o assunto com outros
convidados envolvidos nessa questão, na terça-feira, na Comissão de Saúde e
Meio Ambiente, às 10h. Obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Sra. Lavinia
Schüler Faccini está com a palavra.
A SRA. LAVINIA SCHÜLER FACCINI: Eu agradeço
os comentários, acho que foram muito produtivas todas as contribuições dos
Vereadores. Acho que nós ficamos realmente felizes com esse esforço
colaborativo; para nós, que estamos na academia ou na Universidade, ter essa
parceria com nossos Vereadores – eu sou de Porto Alegre, apesar de ser Presidente
da Sociedade Brasileira. Então, saber que esta Casa acolhe profissionais, para
nós, é muito importante.
Ver.ª Sofia Cavedon,
a senhora tem toda a razão, a questão do lixo urbano, da limpeza, é fundamental
e muito bem lembrada, porque esse é um dos vírus que está sendo transmitido, e
vai um e vem outro. O que nos surpreendeu nesse, que é um vírus que parecia ser
muito inofensivo, foi transmitir uma doença branda no adulto e que causa uma
devastação no feto exposto.
Vejo aqui a novidade
– eu não tinha lido o jornal Zero Hora de hoje – de que o primeiro caso, na
Colômbia, foi confirmado, então mostra mais ainda à Associação por que não
tinha aparecido na Colômbia, porque a infecção chegou lá depois do Brasil.
Então estávamos, e estamos, olhando para esses outros países. E acho que o
mundo inteiro está de olho em nós. Então, se nós pudermos dar o exemplo,
também, do combate ao mosquito, isso será fundamental, é nossa responsabilidade
também mostrar que nós sabemos resolver nossos problemas.
Uma das coisas que
temos trabalhado muito mesmo com o Ministério, como também a Ver.ª Jussara Cony
falou antes, é um problema das mulheres, porque vemos que, muitas vezes, essas
mulheres, cujos maridos as abandonam... E há outra coisa: a geração do
conhecimento dentro do Brasil. Nós não somos mais a colônia da Europa, dos
Estados Unidos. Então nós temos, atualmente, autonomia para produzir nosso
próprio conhecimento. E se vocês virem, eu faço parte de dois grupos que já
publicaram trabalhos, o Brasil está publicando trabalhos e vamos publicar mais.
Isso não é para enriquecer nossos currículos, mas, sim, para mostrar que temos
autonomia para produzir conhecimento e para resolver nossos problemas.
Eu queria agradecer
novamente a oportunidade. Como o Ver. Paulinho Motorista disse, acho que os
agradecimentos são mútuos; o conhecimento, as ações e o que podemos fazer de
bom para a sociedade, que está ao nosso redor, é essa conversa, essa troca de
experiências e o trabalho que vai decorrer disso. Pela Comissão de Saúde e Meio
Ambiente, eu também agradeço esta oportunidade. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Muito
obrigado, Dra. Lavinia.
A Sra. Sandra
Fagundes está com a palavra para suas considerações finais.
A SRA. SANDRA FAGUNDES: Em relação a algumas
questões e reflexões trazidas. Dr. Raul, a notícia não é totalmente boa. Sim, é
possível transmitir: o mosquito fêmea pode transmitir o vírus para o ovo, por
isso que, depois, ele pode transmitir, independente de ter picado alguém. A boa
notícia é que é uma taxa muito pequena, então, não tem uma dimensão tão
horrenda, vamos dizer assim, mas ela é possível.
Em relação ao tema do
saneamento básico, é uma das discussões. As notas das nossas Associações
Brasileiras de Saúde Coletiva, do Cebes, particularmente, e da Abrasco,
apontam, na origem do problema, como um deles, a necessidade de trabalhar –
basicamente quando se trabalha em causa das causas –, sim, também com o
saneamento básico, na necessidade de trabalhar nessa direção em toda a América
Latina.
Sobre a denúncia,
acho que o Município vai dizer que já tem um telefone pelo qual se pode fazer a
denúncia para limpar determinado ambiente. E, sim, é uma oportunidade, como
muito bem foi dito aqui, de voltarmos a trabalhar na saúde coletiva um conceito
anterior de consciência sanitária. Sim, temos uma oportunidade de trabalhar de
modo mais coletivo para consciência sanitária, para que modifiquemos uma
cultura em relação à proteção à saúde e prevenção de doenças.
Reforçar a
importância do tema da unidade. Esse é um tema que nos convoca efetivamente.
Então, de novo, nessa crise e nesse problema, ter uma oportunidade de trabalho
cooperativo em unidade para combater um problema que preocupa a todos. E aí o
tema não é comigo, porque é, efetivamente, com todo mundo hoje.
Demos ênfase na
questão da microcefalia do bebê, mas há estudos associando também essa doença a
outros problemas, como problemas neurológicos e síndromes graves que impedem a
locomoção e principalmente atacam os órgãos superiores. E aí todos nós estamos
à mercê dessa questão. Então, mais do que nunca, nós precisamos trabalhar em
conjunto na direção e no combate ao zika.
Saúdo a iniciativa da
Comissão de Saúde, o Vereador-Presidente já nos disse que há um monitoramento
diário aqui a respeito dos focos do zika. E vou insistir na sugestão: são
múltiplas ações e preocupações, vale esse monitoramento ser público e ter, quem
sabe, uma mobilização, um mural físico e um site
informando permanentemente sobre esse tema. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Obrigado, Dra.
Sandra.
A Sra. Charlene
Schneiders está com a palavra para as considerações finais.
A SRA.
CHARLENE SCHNEIDERS: Eu gostaria também de agradecer as contribuições
de todos os Vereadores: Sr. Raul, Sofia, Jussara, Paulinho e Lourdes. Eu acho
que nós todos temos consciência de que a população está informada, e a gente
procura cada vez informá-la mais sobre as questões.
Com relação a criadouros, é como eu falei: a maior
parte estão nos recipientes pequenos, mas a gente não pode esquecer dos ralos –
onde acumula água parada, limpa, porque tem paredes; é como a Sandra falou,
onde tem parede o ovo fica, e a água está parada –, dos sanitários que ficam
sem dar descarga. Então, é uma atenção que a gente tem que ter em todo o
domicílio. Alguns recursos que a gente tem para nos ajudar: hoje o Município
tem o 156, como uma das fontes para ter informações e colocar as denuncias, e o
0800, que é o recurso do Estado junto com a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, que a gente tem o site, tem o
aplicativo, que cada pessoa pode baixar, é gratuito no celular. Ele até
auxilia, se a gente responde umas seis perguntas, ele dá um alerta toda uma vez
por semana para a gente revisar na nossa casa aquelas questões. Então, é um
aplicativo para gente também colocar no celular e que pode auxiliar a
população. O nosso site onde está o Aedes também tem várias informações. A
gente coloca semanalmente como estão as questões das armadilhas, e elas têm cores
– verde, amarelo, vermelho –, informando a quantidade de mosquitos que a gente
tem nas armadilhas, e a gente pode visualizar isso, como eu disse, em 27
bairros. A gente pode olhar como está a nossa região. Qualquer cidadão entra no
site e pode olhar como está, e também
tem as informações do Lira sobre o levantamento feito nos demais bairros. São
essas as fontes que temos hoje para auxiliar os cidadãos, para ele estar mais
informado e conseguir visualizar como ele pode agir.
Com relação a alguns criadouros, a Vereadora trouxe
na sua fala a questão de alguns bueiros ou outros recipientes. Acho que há
algumas questões que a gente ainda tem que trabalhar com a população. Lógico
que piscinas sempre chamam muito ao olhar da população e são denúncias que chegam
frequentemente para nós. Piscinas com água verde parada, isso não é um
criadouro importante para o mosquito do Aedes
– são coisas que a gente tem que desmistificar. É uma água suja. A gente
tem tipos diferentes de mosquitos: temos o Aedes,
temos o Culex, que é o pernilongo –
eles são diferentes. A água suja não vai ser um criador importante para o Aedes, mas sim a água limpa. Então a
gente tem que começar a desmistificar alguns mitos. Uma água verde, da piscina
do vizinho, com certeza chama muito a minha atenção. As pessoas têm que fazer a
sua parte, só assim vamos conseguir evitar a proliferação do mosquito.
Eu queria falar sobre o dia 13, quando a Prefeitura
Municipal de Saúde se mobilizou e intensificou as ações. Foi logo após dois
feriados no Município. Corremos contra o relógio, tivemos uma parceria com os
militares, com o GHC, que também foi parceiro, e também o Sesc. Nós conseguimos
visitar mais de 40 mil imóveis nesse dia 13, e continuamos a ação com os
militares no dia 15 até o dia 18, retornando em alguns bairros nas casas que
estavam fechadas. Essa ação foi bem positiva, conseguimos atingir um grande
público e identificar criadouros. Conseguimos mostrar para a população como
eliminar o risco, pois tem que escovar o recipiente. Não adianta a gente tirar
a água sem escovar, porque o ovo fica aderido na parede de qualquer pote, de
qualquer recipiente. Temos que escovar. A limpeza é fundamental para eliminar o
ovo e ele não virar um mosquito a cada dez dias, pois são gerações de
mosquitos.
Nesse grupo de trabalho que temos todas as
quartas-feiras, temos todas as Secretarias do Município, inclusive a da
Educação. Estamos já prevendo agora, a partir do dia 29, que é o retorno das
escolas municipais, e, no dia 2, uma capacitação de 120 profissionais da educação
para mobilizá-los também com relação aos criadouros, e teremos várias
atividades com as escolas, também parceira do programa Saúde na Escola, que é
uma parceria da Educação com a Saúde. Então estamos com esse olhar transversal.
A Saúde, é lógico que ela traz essa questão da dengue. Ela puxa, mas é um
comprometimento de toda a Prefeitura e não somente da Secretaria da Saúde. A
gente tenta resgatar isso e colocar para que todo cidadão esteja envolvido.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
(Suspendem-se os trabalhos às 15h38min.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo - às 15h43min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 0028/16 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/16, de autoria do Ver. Mendes Ribeiro, que
inclui a efeméride Dia Municipal em Homenagem a Allan Kardec no Anexo da Lei nº
10.904, de 31 de maio de 2010 – Calendário de Datas Comemorativas e de
Conscientização do Município de Porto Alegre –, e alterações posteriores, no
dia 3 de outubro.
PROC.
Nº 2731/15 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 033/15, de autoria da Verª Pérola Sampaio, que
inclui arts. 189-A, 189-B e 189-C no Capítulo I do Título XII da Lei
Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992 – que institui o Código de
Edificações de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações
posteriores, determinando que, para obter a licença ambiental de instalação, os
condomínios e os edifícios que contenham 100 (cem) ou mais unidades autônomas
prevejam a construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Rodrigo Maroni está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. RODRIGO
MARONI: Boa tarde, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras da Casa,
funcionários da Câmara, público que nos assiste das galerias e público que nos
assiste pela TVCâmara, queria, mais uma vez, e tenho procurado apresentar
alguns projetos principalmente naquilo que tenho sentido como uma necessidade estruturante.
Na semana que vem vou querer falar aqui sobre a questão do projeto da
criminalização com relação à questão do atropelamento de animais. Eu comentei
aqui, na semana passada, o quanto as penas são inexistentes, as leis são
praticamente inexistentes.
Mas eu queria comentar hoje sobre as visitas que eu
tenho feito ao Interior do Estado. E muitas pessoas me perguntam qual é a
função de fazer essas visitas em uma cidade onde, teoricamente, não sou
Vereador, por que sou Vereador de uma e vou a outra? E eu sempre digo e
reafirmo o nosso papel fundamental, somos seres humanos e, antes de mais nada,
somos movidos por emoções, por aquilo que nos comove. E indo ao Interior,
conhecendo os canis de animais do Interior, o que eu percebi? Grande parte das
cidades, lamentavelmente, não tem nem canil. Nós temos quinhentos e poucos
Municípios, talvez 70% ou 80% não tenha nem canil, nem uma diretoria, para
vocês terem uma ideia da realidade. Muitos Municípios funcionam a partir de
ONGs ou de proteções individuais que dão o mínimo, na verdade, ou quase nada de
acolhimento a esses animais do Interior. E teve, na semana passada, uma
polêmica relacionada com o canil de Cachoeira do Sul. Eu fui até Cachoeira,
três horas de viagem daqui, e fui recebido pelo Secretário Everton, que me
levou até o espaço do canil, porque teria havido morte lá. A denúncia era de
que os animais estavam passando fome, o que não é incomum. Às vezes a gente
acha que o Maroni está falando ali de algo eventual. Não é incomum a gente ir
até a cidade e ver - até convido alguém que tiver exemplo de algum canil
razoável no Estado do Rio Grande do Sul para me convidar para visitar –, porque
o que eu vi até agora nada me contemplou. São ambientes absolutamente ruins
para os animais. E o canil de Cachoeira, para vocês terem uma ideia, eu pensei
que poderia ter sido uma denúncia demasiada ou excessiva, e a realidade do que
eu vi lá foi o que eu vi em muitos canis do Interior do Estado: licitação
barata de ração. Então a ração que é a mais podre, aquela que nenhum animal
como ou que vive dando caganeira, Prof. Alex, porque é o que a
Prefeitura se dispõe a dar para os animais. Outra coisa, a falta de
funcionários. Confirmou-se a morte de animais no canil de Cachoeira, porque o
canil não era acompanhado por funcionários. Então, imagina, tu largas um filho
teu num espaço, e ele fica 24 horas lá, e só tem alguém acompanhando durante 8
horas, depois não tem. Sabemos que os animais têm um conjunto de fatores
emocionais individuais, instintivos, e dito pelo próprio Secretário, que o
canil parecia um campo de concentração até há um ano. Então, falta de
funcionários, um campo de concentração, e isso a gente viu lá. Desde a semana
passada, a partir da morte desses animais, a Prefeitura se empenhou, dizendo
que não tinha mais o que dar aos animais, porque houve chuvas lá. Então, era
isso, Ver. Dr. Goulart, para o senhor ter ideia do que é. E aí eu digo que
Cachoeira talvez esteja entre as piores cidades dos canis que eu vi. Tenho como
dar vários exemplos, não tenho como fugir. Por exemplo, Tramandaí, para mim, é
o exemplo mais ridículo do que seja um canil municipal, lá os animais fazem
pólo aquático. Convido os meus colegas que no verão vão ao litoral para darem
uma passada no canil. No verão, Bernardino, havia animais que dormiam na areia,
inclusive...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. RODRIGO
MARONI: ...um Promotor do Ministério Público virá aqui, na
segunda-feira, que é de lá e que tem acompanhado o canil de Tramandaí. O canil
de Tramandaí é lamentável; lamentável, como outros. Na chuva, vocês tinham que
ver o que era esse canil há dois, três anos. E aí dizem que está melhor. Estava
péssimo, agora está um pouco menos péssimo. E aí eu poderia citar vários. E eu
quero convidar os meus colegas Vereadores e
Vereadoras - independente da causa, porque eu acredito que todos devem ter uma
causa, não só como Vereadores, mas na vida – a fazer essas visitas comigo no
Interior, porque isso é vida que tem por trás; não tem ninguém defendendo. Se
uma pessoa não pode relatar o que passa de insegurança e de medo, vocês
imaginem um animal que não pode falar, está trancado dentro...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Ver. Sofia Cavedon, na condição de Líder da
Bancada do PT e nos termos do art. 218, § 6º do Regimento, solicita Licença para Tratamento de Saúde para o Ver. Alberto
Kopittke no dia 25 de fevereiro de 2016.
A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RODRIGO
MARONI (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito verificação de quórum.
O
SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Temos uma Vereadora na tribuna, Ver. Rodrigo Maroni. Após o uso da palavra
pela Vereadora que está na tribuna, procederemos, mas lembrando ao Vereador que
temos um período combinado hoje com o próprio Governo, de comparecimento do
Secretário da SMIC e do Secretário da Fazenda.
A SRA. LOURDES SPRENGER: Sr. Presidente, a título de esclarecimento para
que sempre se passe à população o que realmente ocorre, eu gostaria de
completar o início da fala do Vereador anterior sobre Cachoeira do Sul.
Cachoeira do Sul foi um caso que foi alarmado devido a canibalismo e a mortes
de animais. E, quando as ONGs de Cachoeira me procuraram, eu, que sou da
jurisdição de Porto Alegre, mas sou Deputada Federal Suplente, não poderia
deixar de atender, porque fiz campanha nessa Cidade. Eu entrei com uma
representação de notícia de fato para a abertura de inquérito civil público no
Ministério Público na Promotoria de Cachoeira e fui atendida. A Promotora
imediatamente chamou o Delegado no domingo, mais Secretários do Município, o
Prefeito, e determinou o seguinte: nova reunião de vistoria judicial, que será
agora no início de março; educação ambiental nas escolas; separação de baias
para os animais - macho e fêmea; separação de animais idosos, que pela lei não
se pode deixar o animal se sentindo amedrontado, tendo em vista que o animal é
idoso, não pode ficar com os demais animais e esterilização de todos aqueles
que estão faltando. E por que fiz isso? Além de conhecer as pessoas que lá
estão envolvidas, porque nós tivemos uma audiência pública em novembro na
Câmara Municipal de Cachoeira, eu fui convidada pela Assembleia Legislativa e
lá a Prefeitura se comprometeu a dar o bem-estar aos animais. Comprovou-se que
os animais ficavam sozinhos, e o Prefeito agora, com todas essas decisões,
contratou um vigilante, mais uma protetoravigilante e mais uma
protetora para dar o apoio diário àqueles animais. Então que fique esclarecido
que eu não me dirigi à cidade e, quando me dirijo, não gasto verba da Câmara.
Gostaria de saber se alguns Vereadores usam esse expediente – acredito que não
–, porque os nossos gastos são cobertos para a jurisdição de Porto Alegre e não
para outros Municípios.
Também quero complementar, aproveitar meu tempo,
dizendo que falar sobre crime contra animais não é atribuição nem competência
municipal, isso é uma alteração do Código Penal, já tem projetos em Brasília
que ficam apensados, tramitam, tramitam, e parece que não há muita vontade de
se decidir por aumento de penalidades de crimes contra animais.
Também quero dizer que estou apresentando um
projeto, como estou na COSMAM, e esse assunto já vem sendo tratado em outros
Estados, que trata da Atenção Básica à saúde. Para quem não tem conhecimento
sobre o assunto, vou conceituar: a Atenção Básica à saúde é um conjunto de
ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a
proteção da saúde em todas as suas vertentes e com observância a todos os seus
determinantes e condicionantes, desenvolvendo-se a partir de planos de ação
participativa que atendam às necessidades e se encaixem nos perfis das populações
atendidas dentro da dinâmica das práticas sanitárias. Esse conceito quer dizer
que estamos pretendendo seguir outros Estados e incluir um veterinário nos
NAFs. Já tem um aval para isso, já tem essa defesa no Conselho Federal de
Medicina Veterinária, e nós estamos tentando implementar, alterar a lei para
que tenhamos também um médico veterinário que atenda às comunidades carentes,
para que nós não recebamos tantas solicitações para atender a animais
sarnentos, com carrapatos, estropiados, o que acaba comprometendo a renda das
pessoas que querem ajudar. Nem sempre o Poder Público tem essa condição e, à
medida que vai uma equipe da família, como é feito em outros Estados – foi
noticiado, inclusive, no canal de notícias Globo News –, o médico pode avaliar o
problema de zoonose no local, pode fazer um censo e facilitar o atendimento,
porque nós temos verbas para isso, tanto que se aumentaram os impostos e o
Governo espera arrecadar, em 2017, mais de R$ 130 milhões com o aumento do IPI
sobre toda a mercadoria que é consumida, sobre alimentos. Então, se fala muito
que isso vai desviar recursos, mas não é bem assim; nós temos muitos recursos
que nem se fala aqui, sobre a arrecadação dos laboratórios, das fábricas de
ração, das fábricas que fazem apetrechos, utensílios para alimentação. Cada vez
mais, o animal está presente nas famílias, e os gastos são de cada uma. Nós,
que somos dessa área, entendemos que esse mercado, em que nós estamos inseridos
há mais de 15 anos, gera emprego e renda. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, acho que o
projeto de lei que está em 2ª Sessão de Pauta nos permite continuar e ampliar o
tema que vínhamos tratando até então, com a presença das doutoras, sobre os
temas do zika vírus e do saneamento básico da Cidade. A Ver.ª Pérola, Vereadora
negra, Vereadora da luta popular, que me substituiu no final do ano passado,
durante a criação do feriado do dia 20 de novembro da cidade de Porto Alegre,
apresentou esse projeto de lei, Ver. Delegado Cleiton. A Ver.ª Pérola, que
esteve aqui na sua parceria, liderado por V. Exa. na luta pelo feriado do dia
20 de novembro – eu não pude votar, mas me senti muito representada pela
Vereadora –, apresenta, como lei, a responsabilidade de empreendimentos com
mais de 100 unidades autônomas fazerem o seu próprio tratamento de esgoto do
condomínio para fins de obtenção de licença de instalação, ou seja, o projeto
prevê que o realizador de um condomínio com mais de 100 moradias tenha a
previsão desse tratamento.
Quanto à resposta à minha questão, Ver. Goulart, as
doutoras de fato confirmaram que o problema do saneamento é uma questão de
fundo no tema das infecções, no tema da ampliação de vetores que transmitem doenças, e superada uma doença outra se seguirá. Lamentavelmente é o que
temos vivido, isso enquanto a sociedade não tiver posturas rígidas em relação à
produção de ambiente propício para a proliferação de vetores que transmitem
doenças ou de contaminação.
Esse projeto de lei
da Ver.ª Pérola está nesse marco da responsabilidade coletiva que todos temos
com o tratamento de esgoto, com a coleta do lixo, com a sua adequada destinação,
com a redução desse lixo, porque a separação dos resíduos na moradia é
extremamente positiva para o meio ambiente. As doutoras nos afirmavam que é a
água limpa. Ora, se o descarte de potes, tampas for inadequados, se ficar em
pátios, esse lixo vai acumular água da chuva que será um criador propício para
o mosquito e de outros vetores de doenças. Não há como a instituição Estado
Brasileiro assumir, em qualquer esfera, a responsabilidade de fora para dentro
e resolver os problemas fundamentais que geram a doença. Podemos ter o mutirão
que tivemos que chegou a 40 mil moradias em Porto Alegre, mas é impossível
manter isso permanentemente: uma ação de controle do Estado para o cidadão. É
muito importante que cada cidadão, cada cidadã assuma a sua responsabilidade.
Empreendimentos, empreendedores, associações de bairros, clubes, todos têm na
sua esfera de atuação, de organização social, a responsabilidade de enfrentar
os problemas como o lixo e como saneamento, sim.
Então quero louvar
aqui o projeto, espero que ele seja acolhido na CCJ, que possa tramitar e que
nós possamos criar novos mecanismos, que é a parte que nos toca, além da
criação da consciência, da fiscalização e da mediação com a sociedade, para que
ela acesse o serviço, o produção de novas consciências.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com
a palavra para discutir a Pauta.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Uma boa tarde a todos e a todas. No período de Pauta, em 2ª Sessão,
temos um projeto que trata de uma homenagem, a inserção no Calendário de Datas
Comemorativas e de Conscientização do Município Porto Alegre, e outro projeto,
como a Ver.ª Sofia colocou, protocolado pela Ver.ª Pérola Sampaio, que durante
o debate do feriado da consciência negra, pode exercer o mandato – é uma das
suplentes da Bancada do Partido dos Trabalhadores – e protocolou esse projeto.
Mas eu quero pedir permissão aqui, nós estávamos
agora há pouco com o tema que envolve toda a nossa sociedade e a possibilidade
de nós nos unirmos. A propaganda que tem convocado as pessoas a se unirem com o
tema de que “um país não pode perder para um mosquito”, coloca a
responsabilidade em todos nós, ou seja, em sermos atores e protagonistas do bem
para a sociedade, não apenas naquela lógica de exigirmos do poder público que
faça por nós; nós também temos as nossas responsabilidades, enquanto cidadãos e
cidadãs.
Também não posso deixar passar aqui, e já fiz isso,
assim que encontrei o Ver. Alex e a Ver.ª Fernanda, de parabenizar pela ação ajuizada
na segunda-feira, e que conseguiu essa determinação liminar até o momento. Eu
não sabia do recurso que foi interposto na madrugada e que foi derrotado, pelo
menos nesse primeiro momento, espero que continue assim para que a passagem
continue obedecendo, nada mais nada menos, que os trâmites legais que devem
obedecer como todo estado democrático de direito. Falar em pauta hoje e não
falar desse tema, este é o grande tema hoje, que a população já está podendo, e
espero que consiga manter assim e poder andar nos ônibus, pagando a tarifa
anterior.
A nossa Bancada também ingressou com uma ação
popular no ano passado, não encontramos no Judiciário essa sensibilidade.
Questionávamos dois itens básicos, de um decreto para o outro - eu falo do
decreto do ano passado –, os pneus dos ônibus tiveram uma redução de vida útil
em torno de 60 mil quilômetros, inexplicavelmente, e o consumo de combustível
aumentou de um ano para o outro em mais de 70%. Com
base num simples comparativo dos dois decretos, nós entramos com uma ação
judicial, não conseguimos a decisão liminar, recorremos ao Tribunal, também não
conseguimos. Então, de uma certa maneira, o processo há dias foi julgado,
extinto, e perdeu, digamos assim, o objeto. Nós não vamos inclusive recorrer,
porque tentávamos a anulação do decreto que foi editado no ano anterior.
Não posso também
deixar de comentar aqui que, no dia 25 de fevereiro de 2011, portanto, há cinco
anos – não consegui, não deu tempo para colocar as imagens – um sujeito que
resolve acelerar e atropelar um grupo de 150 pessoas que estavam na
manifestação, e hoje, 25 de fevereiro de 2016, a celebração da Massa Crítica
que completa cinco anos. Passaram-se cinco anos, e aquilo foi um fato que
colocou em xeque a nossa condição humana, eu diria assim, alguém que resolve
acelerar tendo à frente 150 pessoas. Efetivamente é de questionar-se se é um
problema do sujeito ou de uma cultura que vê no sujeito que está de automóvel
um ar superior, quando deveria ser o contrário, porque justamente ele tem uma arma
na mão, portanto deveria conduzir essa arma com todo o cuidado necessário,
respeitando os mais vulneráveis, naquele caso foi justamente o contrário. Foi
um momento chave, Porto Alegre é notada no mundo todo pelos seus grandes
feitos, como o Fórum Social Mundial, Orçamento Participativo e outros, e hoje
também Porto Alegre é conhecida mundo afora por saber que nesta Cidade do
Brasil houve um atropelamento de mais de 150 pessoas. A gente espera que isso
mude, que as ciclovias, efetivamente saiam do papel, nós temos 500 quilômetros
previstos e apenas 20 e poucos quilômetros concluídos até o momento. Não vemos
nenhuma campanha educativa por parte da Prefeitura, já fizemos essa sugestão,
não foi acolhida. Temos muito que mudar, temos esse fato, estamos juntos em uma
sociedade mais humana, é para isso que a gente luta, e esse movimento simboliza
isso. O movimento Massa Crítica, ao contrário do que no passado foi veiculado
em mídia, um movimento agressivo, que gerava uma espécie de luta de classes
entre ciclistas e motoristas, comprovou que é justamente o contrário, é um
movimento que tenta humanizar a Cidade e a bicicleta é o link para essa outra dimensão. Então, é um movimento totalmente
pacífico. Se houve ali, naquele momento, e o processo judicial, talvez nos próximos
meses o autor dessa tragédia será levada a julgamento. Toda última sexta-feira
do mês há um movimento, e quem quiser participar está convidado para perceber
que o movimento realmente quer é a humanização da Cidade, longe do conflito.
Algumas pessoas veem na bicicleta um questionamento do modelo de vida que foi
incutido na sua cabeça de que o automóvel é um elemento central, talvez por
isso se achem incomodados.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, colegas funcionários
desta Casa, cumprimento também os representantes da Secretaria da Fazenda e da
PGM, que prontamente aceitaram a convocação de vir esclarecer alguns fatos. Eu
serei breve, Sr. Presidente, porque o número de Vereadores é diminuto,
visivelmente já há menos da metade do que deveria estar aqui presente. Mas
gostaria de ler uma nota expedida pelo Conselho Regional de Nutricionistas da
2ª Região – CRN-2. (Lê): “O Conselho Regional de Nutricionistas 2º Região
(CRN-2) apoia o Projeto de Lei 174/14 que institui o Programa Menos Sal, Mais
Saúde e a Semana Menos Sal, Mais Saúde, visto que o mesmo tem por objetivo
conscientizar a população sobre os riscos que o consumo exagerado de sal na
alimentação pode causar à saúde. O CRN-2 reconhece que o consumo excessivo de
sal (cloreto de sódio) no Brasil vem resultando em índices alarmantes de
hipertensão arterial e de outras doenças. A última pesquisa da Vigitel
(Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico) revela que a prevalência de hipertensão arterial na população
brasileira adulta é de 24,8%, sendo maior em mulheres (26,8%) do que em homens
(22,5%). Porto Alegre apresenta a maior frequência da
doença (29,2%) em adultos. Também é a capital com o maior número de mulheres
com a patologia (32,2%). Os índices de consumo médio de sal pela população
estão em torno de 10 a 12g diários, quando o recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) é de 4,5 a 5 gramas. Esse consumo refere-se ao sódio
intrínseco (presente naturalmente nos alimentos) e extrínseco (adicionado ao
alimento), sendo importante salientar a enorme variedade de alimentos
processados que apresentam adição de sódio. O consumo total de sódio pode ser
considerado proveniente de duas fontes: 10% de sódio intrínseco e 90% de sódio
extrínseco (75% adicionado na indústria e 15% nas preparações). O CRN-2 lembra
que, além de não utilizar o saleiro à mesa, deve-se incentivar o preparo de
refeições com pouco sal e preparação com ervas e temperos naturais como cebola,
alho, salsinha, cebolinha, alecrim, pimenta... [e outros].”
Então, senhores, esse
é um projeto de minha autoria, que, infelizmente, a mídia não quis mostrar a
verdadeira intenção dele. Está aqui: um Conselho de pessoas expertas, de
pessoas que têm como dar uma valoração para esse projeto fez essa nota e me
mandou via e-mail. Essa nota, para
quem quiser reler, está no site do
Conselho.
Quando se fala em
prevenção, não se vê que, no mínimo, nós poderemos com a prevenção, diminuir
filas em postos de saúde, filas em hospitais, e é o que nós queríamos.
Vereador, era para
fazer essa leitura e para solicitar, Presidente, aos dignos representantes da
Fazenda e da PGM que estiveram aqui a nosso pedido, a pedido dos 36 Vereadores,
que, se pudessem, transferissem essa presença para segunda-feira, momento em
que estará aqui um número bem maior de Vereadores, momento em que poderão até aumentar
os questionamentos, porque todos nós queremos participar dessa audiência com os
senhores. Então, se permitirem, Presidente, não sei vai necessitar de
requerimento, eu gostaria que fosse transferido para segunda-feira. Obrigado,
senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. DELEGADO CLEITON (Requerimento): Presidente, tendo em vista esse número diminuto,
visivelmente meia dúzia de Vereadores presentes, solicito
verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Solicito a
abertura do painel eletrônico para verificação de quórum, solicitada pelo Ver.
Delegado Cleiton. (Pausa.)
O
SR. PROF. ALEX FRAGA: Presidente, eu gostaria de manifestar a minha
contrariedade ao pedido de verificação de quórum, até mesmo em respeito ao
Secretário que se faz presente. Nós estamos aqui justamente porque, na
segunda-feira, antes da Sessão, estive reunido com V. Exa. e com o Líder do
Governo, Ver. Kevin Krieger, e ele afirmou que não havia necessidade de
instalação de uma CPI, na ótica dele, falando, também, que a orientação do
Governo é para que os Vereadores da base governista não assinem o requerimento
de CPI, dizendo, justamente, que faria um convite aos Secretários para que se
fizessem presentes no dia de hoje. Então, todos os Vereadores estavam comunicados.
É um assunto extremamente importante, nós tivemos uma terceira ação da Polícia
Civil no dia de hoje, e o assunto interessa toda a sociedade porto-alegrense.
Esta é a minha oposição com relação ao pedido de verificação de quórum, que
pode dar por encerrada esta Sessão.
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Está feito o registro, Ver. Alex Fraga, mas o pedido de verificação de
quórum é plenamente regimental e nós procederemos ao encerramento.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Eu só queria complementar muito rapidamente,
Presidente, porque mais que o repúdio à verificação de quórum, é o repúdio do
esvaziamento da base do Governo, que deveria estar aqui para ouvir os
Secretários e para que pudéssemos fazer os questionamentos que a Cidade toda
precisa.
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Ver.ª
Fernanda, a verificação de quórum vai demonstrar que o esvaziamento é
generalizado, tanto do Governo como da oposição.
(Aparte
antirregimental da Ver.ª Fernanda Melchionna.)
O SR. PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Mas a senhora
não corresponde a toda a oposição. Os Vereadores de oposição também não estão
todos presentes.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Cassio, eu
gostaria, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores – que está em 50%
porque o Ver. Kopittke está doente e o Ver. Comassetto em Brasília, na reunião
do Conselho das Cidades – que nós fizéssemos o debate, escutássemos o Governo sobre
esse tema. Assinamos a CPI, estamos abertos ao diálogo; achamos que é
extremamente grave, temos tempo nesta Sessão. Gostaria de fazer um apelo ao
Ver. Delegado Cleiton para que não solicitasse a verificação de quórum.
O SR.
PRESIDENTE (Cassio Trogildo): Feito o registro. (Após a apuração nominal.) Não há
quórum.
Estão encerados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 16h17min.)
* * * * *